Friedrich Merz passou no teste do Salão Oval e ainda foi chamado de great. No primeiro grande desafio internacional do primeiro-ministro alemão, Donald Trump consumiu o tempo com sua verborragia, iniciou um bate-boca com Elon Musk, mas derramou elogios ao premiê, que ainda não completou um mês no cargo. O termo em inglês foi parar nos títulos de sites e jornais alemães porque, no começo da semana, indagado como seria enfrentar Trump no Salão Oval, Merz revelou que já tinha falado com o presidente americano por telefone algumas vezes. “A cada duas ou três palavras, ele usa um great”, brincou. Pois Trump não economizou nos elogios ao colega, chamando-o de “great chanceler” —grande chanceler, a designação em alemão para primeiro-ministro. Havia enorme expectativa de como Merz se sairia no encontro depois que diversos líderes foram submetidos a constrangimentos no Salão Oval nos últimos meses. Não só passou ileso, como ainda ouviu de Trump que os EUA iriam “acabar logo com a guerra na Ucrânia”. Esse foi um dos raros momentos em que o premiê alemão pediu a palavra e lembrou que o presidente americano, com a ajuda da Europa e das sanções em gestação no Congresso americano, poderia dar fim ao conflito. Ecoava falas anteriores de Trump, que se gabou de ter acabado recentemente com as rusgas entre Índia e Paquistão. Merz foi além e lembrou do Dia D, cujo aniversário de 81 anos é comemorado nesta sexta-feira (6). “Não é uma boa lembrança para vocês”, disse Trump, sobre a manobra das tropas aliadas que contribuiu para a derrocada nazista na Segunda Guerra Mundial. “É o dia da nossa liberação”, respondeu Merz. Lá Fora Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo O mundo já estava prestando mais atenção às postagens de Musk contra Trump, que, estimulado por repórteres, falou longamente sobre as críticas do bilionário ao pacote tributário que patrocina no Congresso. Para o premiê, no entanto, reverter a expectativa de que poderia ser emparedado pelo americano no Salão Oval já contava como vitória. Horas antes do encontro, a imprensa alemã projetava certa tensão com a informação publicada pelo jornal The New York Times de que a Casa Branca havia alterado a programação do dia. O encontro no Salão Oval, antes previsto para depois de reuniões e almoço, foi antecipado. A equipe do primeiro-ministro também transpirou aos repórteres alemães que o acompanham na viagem que havia informação passada pelo estafe de Trump de que perguntas sobre liberdade de expressão e a AfD estavam no cardápio. A preparação de Merz para o encontro já imaginava que o assunto emergiria, o que não ocorreu. J.D. Vance e Musk, à época das eleições parlamentares alemãs, declararam apoio à extremista AfD, e o vice-presidente, na Conferência de Segurança de Munique, afirmou que Europa e Alemanha cerceavam a liberdade de expressão. O ministro da Defesa, Boris Pistorius, que estava na plateia e discursaria em seguida, correu com um assessor para uma sala para alterar seu texto. Pesada, sua resposta pública condenando a interferência dos EUA no pleito causou comoção entre alemães e líderes europeus. Mais recentemente, quando o serviço de inteligência do país deu à AfD definitivamente o rótulo de partido de extrema direita, Marco Rubio, secretário de Estado americano, classificou o ato de “tirania disfarçada”. Tanto Vance como Rubio estavam no Salão Oval, mas a verborragia de Trump não deu espaço ao assunto. Pelo contrário, em todos os momentos em que interagiu com Merz, Trump o adulou. Após o premiê pedir licença para responder uma pergunta em alemão, o presidente brincou: “Você fala alemão tão bem quanto fala inglês?”. Merz é fluente em inglês, já morou nos EUA e dispensou o intérprete oficial na viagem. Em outro momento, quando dizia que a União Europeia era difícil na negociação das tarifas recíprocas, Trump declarou que também Merz era uma pessoa difícil. “Você não gostaria se eu dissesse que você é uma pessoa fácil”, disse o americano, arrancando uma gargalhada do alemão. Desde que o presidente americano e Vance constrangeram Volodimir Zelenski em audiência transmitida ao vivo, no fim de fevereiro, acompanhar líderes mundiais no alçapão de Trump se tornou um esporte mundial. A última vítima foi o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, em maio, quando foi grosseiramente inquirido sobre um fantasioso genocídio branco em seu país. A argumentação de Trump, com filmes e documentos, era baseada em fake news, mostrou-se depois. Ramaphosa lamentou não ter recursos para um presente, como o Qatar, que deu ao presidente um Boeing 747-8I de US$ 400 milhões (R$ 2,2 bilhões). Acabou elogiado na África do Sul por não responder às provocações do americano. Merz não foi tão longe, mas apelou para o passado europeu que Trump tanto valoriza. Entregou ao presidente uma certidão de nascimento, em moldura folheada a ouro, de seu avô, que, em 1896, deixou a Alemanha aos 16 anos e emigrou para os EUA. Ele também se chamava Friedrich.
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